Imprima essa Página Mídia Mundo: A derrota do jornalismo investigativo no RS

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A derrota do jornalismo investigativo no RS

Jornalismo que se preze é, por natureza, investigativo. O contrário da investigação é a preguiça. E isso não interessa ao leitor, apesar de ser repetido todos os dias em quase todos os jornais.
A imprensa gaúcha ontem levou um furo do Ministério Público. Um furo não, um rombo. Uma cratera.
Há cinco semanas o então secretário da saúde de Porto Alegre foi assassinado quando saía de um culto religioso. Eliseu Santos estava ao lado da mulher e da filha em uma rua movimentada, ao lado de um supermercado igualmente movimentado.
Imeditamente suspeitou-se de vingança ou ajuste de contas. Mais ainda por que o secretário usava uma arma para se defender e teria disparado quase 10 tiros contra os agressores.
A Polícia, porém, em tempo recorde, decretou: foi tentativa de assalto. E até prendeu os supostos assassinos.
Caso encerrado. E a imprensa gaúcha acreditou nessa versão. Não desconfiou que algo não fechava nessa história. Não investigou o que o secretário fez na secretaria. Não conversou com colegas de Eliseu. Não escutou o que diziam os funcionários da secretaria - que jamais engoliram a versão do assalto. A imprensa se calou, acreditou, perdeu a pegada. Como se fosse um release, assumiu a versão da Polícia e "arquivou" o caso.
Pois ontem tudo mudou, quando o MP anunciou que o caso tratou-se de queima de arquivo e vingança.
Aos jornais - Zero Hora (Porto Alegre, RS), Correio do Povo (Porto Alegre, RS) e Diário Gaúcho (Porto Alegre, RS) - não havia outra postura, se não engolir o furaço e tentar recuperar alguma credibilidade. Em vão.
É uma páscoa de luto para o jornalismo gaúcho.


Um comentário:

  1. A análise é perfeita. Tenho notado que, nos últimos anos, quase todas as notícias importantes aqui no RS são divulgadas por releases.

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