

Não deu certo. Rapidamente trocou-se editor-chefe, diretor de negócios e aos poucos Época respirou. Através de acordos com terceiros, lançou a maior campanha para promover novas assinaturas que o Brasil já conheceu. O cliente podia escolher uma passagem para qualquer destino do Brasil, que custava mais do que a assinatura. E era brinde. Cresceram os números, mas passado o período contratado não havia renovação.
Época tentou de tudo, mudou fórmula várias vezes, experimentou projetos gráficos. Mas nunca aconteceu. Nunca conseguiu o objetivo da Editora Globo: ser a principal revista brasileira, apesar de alguns "furos".
Há 5 anos a revista perdeu completamente a bússola. Não sabia para onde ir, embora tenha ganho sobrevida ao circular grátis para assinantes de O Globo (Rio de Janeiro, RJ) e de Valor Econômico (SP). Já em 2019 os boatos de que poderia encerrar a edição impressa cresceram. Mudou-se mais uma vez a liderança editorial. E não deu certo de novo.
A revista quase desapareceu. Segundo o IVC, em Dezembro/2020 a circulação impressa era de 38.964 exemplares (10% do que tinha seis anos antes) e digital com 49.835 assinantes (40% do que teve em 2018). Faltou relevância. Faltou inteligência criativa. Faltaram motivos para alguém buscar um exemplar.
A Editora Globo anunciou hoje que no final de maio a revista deixa de existir. Em todas as plataformas. Foram 23 anos de luta, sem nunca se firmar. A partir de agora a marca Época será uma seção na edição de sábado de O Globo. Reportagens, features, algo que possa surpreender.
Que pena.
PS: de minha parte me orgulho de ter publicado em Época. A reportagem O Fim do Museu das Notícias, publicada em dezembro de 2019, deu enorme repercussão.
Só que o EM é um jornal mineiro, de baixa circulação fora das Minas Gerais. E o segredo de um impresso é ser local ao extremo, falar dos valores da região.
Não está errado falar da CPI. É um assunto que atinge todos os brasileiros - mineiros inclusive. Um tema nacional de impacto é também local. Só que o que se espera de um impresso local é algo "da aldeia", da esquina. Algo que o leitor desconheça.
A ótima capa do EM é apenas interpretação criativa de algo que todos sabem. Ficaria melhor em um jornal de circulação nacional. Ou de Brasília.