Leitura de fim de semana

O livro O Olho da Rua, da jornalista Eliane Brum, é obrigatório.
Quem gosta de bom jornalismo precisa ler as histórias da Eliane, originalmente publicadas na Revista Época.
Brilhante, Eliane sabe colocar cada palavra no lugar certo.
Nem mais, nem menos.
E sensibiliza o leitor menos avisado.
Para deleite de quem gosta de jornalismo de qualidade, Eliane ainda revela ao fim de cada história alguns segredos e bastidores.
Preço sugerido: R$ 48
Na Submarino em oferta por R$ 37,90.

Jornalismo puro

O The Globe and Mail (Toronto, Canadá) é, provavelmente, o melhor jornal de seu país.
O grande segredo do sucesso é o jornalismo, no melhor sentido da palavra.
No jornal e na Internet.
Hoje o Globe publica a história de uma família.
Sim, uma família do Butão, que vivia em um campo de refugiados no Nepal e desde o início de julho está no Canadá.
A matéria é humana. Tem vida. Fala dos costumes e do futuro da família Kattel.
Uma aula de jornalismo. Multimídia.
Vale conferir no site do Globe.

Produção sim, mas é preciso saber produzir

Uma fotografia deve passar uma mensagem.
Ou não serve.
É possível produzir uma foto, como o The Boston Globe (Boston, Mass). Perfeito.
Também se pode esperar o melhor momento de algo esperado, como a criança na piscina do Herald-Journal (Spartanburg, Carolina do Sul).
Melhor mesmo é a foto-verdade, como o saltador do El Espectador (Bogotá, Colômbia). Sublime.
Mas a menina bonita colocando máscara do Pioneiro (Caxias do Sul, RS), jornal da RBS na Serra Gaúcha, tem tanta credibilidade como uma cédula de R$ 3.
Até a luz está corrigida.
A produção serve para um desfile de moda, não para um assunto sério e factual como a gripe suína.

Sozinho. Em silêncio

O presidente do Senado está sozinho.
José Sarney explicou-se ontem para um plenário vazio.
Deprimente.
Sarney depois caminhou por entre os assentos sem ninguém.
Falta apoio. Sobram pedidos de renúncia.
O presidente do Senado ficou em silêncio.
Sua caminhada lembrou a célebre capa de Veja, de 14/12/1969, que mostrava o então presidente da República, Costa e Silva sozinho no plenário.
Ele havia promulgado o AI-5.
O ditador tinha poder.
A Folha de S. Paulo soube usar bem a imagem.
Já O Estado de S. Paulo, que vem liderando as denúncias, com furo atrás de furo, aliviou, com um sorridente Sarney.
Curiosamente o Diário Catarinense foi quem melhor publicou a imagem, mais uma vez considerando-se um jornal nacional e não regional.

O Papa não é pop

Bento XVI é uma figura apagada.
Nem um pouco do carisma de João Paulo II.
Por isso a fratura do pulso direito quase não é notícia.
Uma cirurgia de 20 minutos colocou tudo em ordem outra vez.
Joseph Ratzinger não é pop.
Nem na Itália a notícia teve destaque, como se vê na capa do Corriere della Sera, jornal de referência do país.
Só o El Mercurio do Chile considerou o fato marcante.
E a Folha da Região, de Araçatuba (SP).
Será que o papa é pop em Araçatuba?

Se a notícia é velha, inove

O aniversário de 40 anos do homem na Lua não é mais notícia.
Efeméride não vende.
É preciso buscar o diferencial, seja lá o que for.
Basta ver a diferença entre o National Post (Toronto, Canadá), The Vancouver Sun (Vancouver, Canadá) e o Morgenavisen (Viby, Dinamarca) e os jornais que simplesmente estamparam a foto de Neil Armstrong e lembraram os 40 anos.

Enquanto isso, no Maranhão...

Sem comentários.

Cronkite, Cronkite, Cronkite

Será que Cid Moreira ou William Bonner receberão tamanha devoção, como "o homem mais confiável dos EUA"?
Todos os jornais americanos falam disso hoje.
Alguns exemplos:

O adeus a um monstro sagrado

O mito Walter Cronkite morreu.
Aos 92 anos, o mais confiável jornalista dos EUA estava em sua casa, em Nova York.
Cronkite era considerado "o mais sagrados dos monstros sagrados".
Aposentado da rede de TV CBS, sua ausência será sentida.

O furo que não existiu

O jornal Correio do Povo, de Porto Alegre (RS), traz hoje uma matéria com ares de exclusiva.
O astronauta Neil Armstrong, que comemora 40 anos da conquista da Lua, teria estado em Santa Catarina há poucos dias.
A matéria mereceu chamada na capa.
Mas uma rápida busca no Google revela que a notícia é velha, ainda que poucos tenham se dado conta do tamanho do furo.
O colunista do Diário Catarinense Cacau Menezes foi o primeiro a publicar em seu espaço, no dia 04 de junho. Não foi nem abertura da coluna.
Uma semana depois o site da rede de hotéis que hospedou o astronauta publicou a notícia.
Passou despercebida.
Domingo último, dia 12 de julho, o Diário Catarinense republicou o "furo" como se fosse novidade.
Faltou ao repórter conferir no bando de dados.
E agora, uma vez mais, a notícia é dada com alarde, no Correio do Povo.
Está faltando checagem na imprensa brasileira.

Quatro lições de bom jornalismo

Por que essas capas funcionam?
A do Sun Sentinel (Fort Lauderdale, Florida) brinca com o fechamento dos parques às terças e quartas.
Já o Die Welt (Berlim, Alemanha) achou uma maravilhosa foto da chefe de governo Angela Merckel, que comemora 55 anos de idade.
O Times Daily (Florence, Alabama) valoriza a enchente na cidade, enquanto o The Telegraph (Nashua, New Hampshire) presta serviço com as comparações de preços entre supermercados.

Mundo bizarro

O campeonato americano de bolinhos de carne ou o encontro de motoqueiros?

Último bicho

Foram quase 100 capas de bichos em uma semana.
Mídia Mundo agora vai deixar a bicharada descansar.
Um artista peixe-boi saideiro.

Capas criativas

Os exemplos vêm da Rússia, da Noruega e da Alemanha.
Basta ter bom gosto para se produzir uma boa capa.