Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-08-23

sábado, 29 de agosto de 2009

A arte falou mais alto

A matéria sobre o senador que recebe verbas de optometristas para reforçar o lobby poderia passar despercebida.
Mas o editor de arte do The Post-Standard (Syracuse, NY) foi muito feliz na concepção da capa.
Nada de destaque ao rosto do senador.
Importante é fazer com que o leitor entenda do que se fala.
Pela arte.
Bastou simular um exame de visão para bem apresentar o problema.
Genial.

Não se pode acreditar em tudo

Um jornal deve desconfiar de informações muito infladas.
Caso contrário será um cemitério de releases.
Empresários que lançam empreendimentos sempre tentarão supervalorizar seus projetos.
Mas a imprensa não pode cair nessa armadilha.
A manchete do Jornal de Santa Catarina (Blumenau, SC) deve ter sido recebida com champanhe pelos empresários dos shoppings em contrução.
Os leitores, que sofrem com o desemprego, já começam a sonhar com o futuro trabalho.
Até o dia em que descobrirão que não é bem assim.
O Santa tinha o dever ético de conferir cada vaga anunciada antes de anunciar.
Agora tem como missão cobrar dos empresários a abertura de cada uma delas.
Ou estará sem moral com os leitores.

Bairrismo gaúcho

A Rede Record mudou de diretor no Rio Grande do Sul.
E resolveu tratar do assunto como se fosse a eleição do governador do Estado.
Esse bairrismo não leva a nada, só à diminuição do número de leitores.
Errou feio o Correio do Povo (Porto Alegre, RS).

O ousado e o conservador

Os jornais do Grupo Sinos costumam apresentar a mesma linha nas capas.
Por isso é curioso observar as edições de sábado com duas interpretações bem distintas sobre o mesmo tema.
Há uma feira agropecuária na região dos jornais.
Hotéis lotados, movimento nas cidades.
Símbolo da Expointer, o gado.
O Jornal NH (Novo Hamburgo, RS) publica um primeiro plano, de frente, de um animal.
De quebra adota um corte que provoca qualquer leitor.
Já o Jornal VS (São Leopoldo, RS) fala sobre o mesmo tema, mas apresenta uma imagem tradicional do bicho.
O leitor passa batido.
É claro que cada jornal é um jornal, que as características são únicas.
Mas com o mesmo tema fica difícil entender as apostas gráficas tão distintas.


O Kitsch invadiu a imprensa

Essa imagem da capa do Pioneiro (Caxias do Sul, RS) caberia melhor em um album de debutantes.
Jornais precisam ter bom gosto.

Um evento, várias visões

O encontro da Unasul, que reuniu presidentes da América do Sul, acabou.
Houve interrogações sobre as bases americanas na Colômbia.
Falou-se sobre a militarização do Chile.
Discutiu-se posições da Venezuela.
Mas de concreto nada aconteceu em Bariloche.
A imprensa de cada país viu a reunião da sua forma.








Roseana News

O jornal O Estado do Maranhão (São Luís, MA) deixou de ser um jornal para se transformar em newsletter da governadora.
Por absoluta casualidade, Rosena Sarney é da família proprietária do jornal.
Todos os dias Roseana está na capa.
Isso explica a circulação quase insignificante do EM.
Mídia Mundo não publicará mais informações sobre este jornal enquanto essa prática não for alterada.
Criticar este jornal hoje é apenas dar importância a um veículo pouco relevante.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Jornalismo de serviço

Se há uma discussão para melhorar o trânsito da cidade, o jornal pode ajudar.
O Idaho Statesman (Bolse, ID) simulou como ficaria uma rotatória em um cruzamento perigoso.
Para isso, também, serve um jornal.

Um pouco de exagero

O Correio Braziliense (Brasília, DF) costuma provocar o leitor com capas bem ousadas.
Mas às vezes há uma certa dose de exagero.
O cartão vermelho de hoje, aproveitando o gancho do senador Suplicy cinco dias depois, foi um pouco além da conta.
A matéria não tem tanta força para tamanha aposta.

Outro info simples e direto

O The Globe and Mail (Toronto, Canadá) não se cansa de ensinar como deve ser um infográfico.
Simples e direto.
Rápido e esclarecedor.
Basta olhar a capa de hoje.

Faltou direção de arte

O Jornal da Tarde (São Paulo, SP) fez história por sua ousadia.
Hoje, matutino, procura ser o jornal da cidade de São Paulo, sempre atento aos problemas da megalópole.
Buraco de rua, por exemplo.
Mas para chocar o leitor é preciso bom gosto na edição de arte.
Hoje o título está muito mal colocado. E o texto, sobre o fundo branco, pior ainda.
Errou feio a arte do JT. Deixou de brilhar com uma ótima pauta.

O fim do mundo

A Goodyear fecha hoje o Museu da Borracha, que por 70 anos divertiu a população de Akron.
Parece pouco?
É o "Fim do Mundo" para os leitores da cidade.
O Akron Beacon Journal (Ohio) acertou em cheio no título.

Ligações perigosas

Política não combina com bom jornalismo.
Em países desenvolvidos políticos não podem ser donos de empresas de comunicação.
É uma mistura explosiva, uma ligação perigosa.
No Brasil, principalmente no Nordeste, muitos políticos são donos de jornais.
E cometem barbaridades.
Hoje foi a vez do Diário do Pará (Belém, Pará), da família de Jader Barbalho, exagerar.
A manchete traz uma informação forte: Jader estaria liderando uma pesquisa para o governo do Pará.
A leitura atenta da linha de apoio revela que tal pequisa foi encomendada por um partido, o DEM, e publicada no blog de um deputado.
Ou seja, a credibilidade é zero.
Já o interese da família Barbalho é bem conhecido.

Um outro olhar

A diferença entre bons repórteres fotográficos e fotógrafos em geral é a busca pelo algo a mais.
Há quem contenta-se apenas com o óbvio.
E há editores que aplaudem esses mero executadores de pauta.
Mas os bons se destacam.
Como Alan Berner, do The Seattle Times (Seattle, WA), que notou que as meninas no brinquedo do parque de diversões tinham cabelos compridos. Aí foi posicionar-se e esperar pelo melhor momento.
João Henriques, do Público (Lisboa, Portugal), também soube a hora certa de enquadrar a dirigente política com a palavra verdade.
E Ron Albertson, do The Hamilton Spectator (Hamilton, Canadá), se deu conta que o simples registro do teatro municipal sem os assentos nas cadeiras era menos impactantes que a imagem de cima do caminhão que levava estes assentos.
Detalhe: de nada adianta uma grande imagem se o editor não acreditar nela.
Nos três jornais abaixo, houve sintonia entre repórter-fotográfico e editor.


Três pérolas de sexta-feira

Talvez seja a proximidade do fim de semana.
Ou só mesmo descuido de editor.
Mas as manchetes do Diário Catarinense (Florianópolis, SC), Diário da Região (São José do Rio Preto, SP) e Pioneiro (Caxias do Sul, RS) de hoje servem para boas risadas.
Segundo o DC, o "pacote quer".
O DR fala do "marido vítima de buraco".
E o Pioneiro diz que "mortes reduzem"... "mas na Serra aumentam".
Com cinco minutos de pensamento e troca de idéias as manchetes poderiam melhorar sensivelmente.
Os leitores agradeceriam.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Parabéns ao Correio*

O Correio* completa hoje um ano de vida nova.

Depois de 29 anos como Correio da Bahia, com um foco prioritário em política, o braço de mídia impressa da Rede Bahia deu um salto de qualidade em 27 de agosto de 2008.

Foi a moderna visão empresarial dos acionistas Antonio Carlos Magalhães Junior e Luís Eduardo Magalhães que permitiu uma autêntica revolução no jornalismo baiano.

O primeiro ato foi chamar a Innovation Media Consulting Group, maior consultoria de empresas de comunicação para o mundo latino.

A Innovation estudou o caso, traçou um diagnóstico, elaborou novos modelos editorial, organizacional e gráfico, implementou um plano de ação a partir de fevereiro e em agosto o novo jornal saía às ruas.

Nova equipe, nova redação, novos objetivos e um só foco: o bom jornalismo.

Novo modelo editorial, novo formato, novo projeto gráfico - do designer espanhol Guillermo Nagore.

O case de sucesso teve a participação fundamental de alguns executivos, além dos acionistas: o então diretor superintendente da Rede Bahia, Guilherme Laager, o diretor executivo do Correio*, Luiz Albuquerque, e o então editor-chefe do Correio*, Rodrigo Cavalcante.

O sucesso de hoje deve-se também a toda a equipe que segue tocando o jornal.

A Innovation, apesar de ter sido esquecida na reportagem que trata do aniversário na edição de hoje do Correio*, tem muito orgulho de ter liderado a grande mudança.

* Nota do Editor: tive o prazer de dirigir o projeto de reformulação e relançamento do Correio*. O mais importante é saber que hoje A Tarde tem um concorrente de peso na Bahia.


Os apocalípticos estão aí

A Internet tem uma infinidade de conteúdo.
Mas há muito lixo também.
É preciso saber separar o que serve.
No YouTube aparecem vídeos interessantes e outros assustadores.
O Prometeus é uma tentativa de prever o futuro.
Mas é tão cheio de furos que não funciona.

Campanha até a vitória

O Correio Braziliense (Brasília, DF) é conhecido por suas campanhas institucionais que conseguem melhorar a vida do cidadão do Distrito Federal.
Foi assim com o trânsito.
Agora, sem identificar como campanha, o CB está pegando no pé dos ônibus.
É a tarifa mais cara do País.
Há superlotação.
E há ainda piratas administrados pelas próprias empresas autorizadas.
O desgoverno no transporte público exagerou em Brasília.
Campanhas como essa aproximam e fidelizam o leitor.

O exagero da forma

O grafismo ajuda a leitura.
Mas a forma não pode ser mais relevante que o fato.
A Gazeta do Povo (Curitiba, PR) traz hoje uma interessante pesquisa do Ministério da Justiça com policiais.
Essa pesquisa tem uma conclusão que por si só é explosiva: tolerar a corrupção é uma prática comum.
Mas a Gazeta acabou apostando no indefinido: a polícia segundo a polícia.
Ou seja, nada.
Ao lado os números apontam para boas revelações. Só que a revelação é maior que o número.
Importante não é o 69%, mas saber que 7 de cada 10 policiais não denunciam um companheiro corrupto.
Errou a mão a Gazeta.

Promessa de político não pode ser manchete

Jornais regionais costumam ceder a políticos.
Muitos só estão de portas abertas pelos anúncios governamentais.
Mas o papel de um jornal é cobrar de um político, não fazer campanha para ele.
O Mogi News (Mogi das Cruzes, SP) dá manchete a uma promessa (aviso) do prefeito.
O que deve fazer o bom jornal?
A partir de agora fiscalizar as obras.
E a cada exemplo de má qualidade - que certamente virá - recuperar a promessa do prefeito.
Algo como: "E agora, Bertaiolli?"
O jornal errou ao manchetear essa promessa (com direito a foto principal).
Os leitores querem que pelo menos essa promessa seja cumprida.

Três conselhos para a hora de se despedir de alguém

Os jornais americanos tinham uma pauta obrigatória para hoje: a morte de Ted Kennedy.
Nem todos conseguiram publicar a notícias ontem.
Mas hoje a notícia é velha.
E se é velha, é preciso encontrar o jeito de dar algo novo.
Há três boas maneiras de não ser antigo:
1. Avaliar o significado da morte. No caso, é o fim da Dinastia Kennedy, que foi fiel da balança nos últimos 50 anos. Assim fizeram o San Jose Mercury News (San Jose, CA) e o The Washington Post (Washington, DC), utilizando para isso fotos antigas em sepia ou P&B;
2. Buscar alguma imagem diferente, quase como uma homenagem. Essa imagem pode ser do personagem em questão, como fez o Sun Sentinel (Fort Lauderdale, FL) ou da consequência, o Capitólio com a bandeira a meio-pau, como aparece nas capas do Los Angeles Times (LA, CA) e do Las Vegas Review-Journal (Las Vegas, Nevada);
3. Trazer o novo de verdade, como o The Boston Globe (Boston, Mass). O jornal da cidade dos Kennedy dá uma frase do presidente Barack Obama falando de Ted;
Só não seja tão arrogante como o The New York Times (NY), que ignora que as pessoas já saibam do fato em si.







O detalhe que faz a diferença

Repare nas capas abaixo: elas falam do mesmo fato.
O Diário de Pernambuco (Recife, PE) investe na imagem do policial cobrindo o corpo e sublinha as "13 facadas".
Já o tradicional Jornal do Commercio (Recife, PE) vai pelo habitual, a notícia em si.
Se você estivesse em uma banca de jornais em Recife teria alguma dúvida sobre qual jornal comprar?

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Nem só de foto vive uma capa

O De Standaard (Bruxelas) é o jornal de referência da Bélgica.
Ele ensina que nem sempre a foto é fundamental em uma página.
Nem em uma capa.
A imagem de Michael Jackson é secundária.
A aposta forte é a manchete e o texto da principal.

O corte que faz a diferença

Uma foto é um instantâneo.
Congela a imagem naquele exato momento.
Mas muitas vezes há elementos que aparecem no quadro e que não são relevantes.
Mais que isso, quando se faz um corte para se destacar algum elemento, a imagem ganha vida.
É a cultura visual sobre a fotografia, sem alterar com efeitos.
Apenas o corte.
Assim fizeram o Die Presse (Viena, Áustria), o The Global Times (Beijing, China) e o The Hamilton Spectator (Hamilton, Canadá).
E os fotógrafos não têm do que reclamar.

A maneira de cobrar das autoridades

O cidadão não tem forças para ser ouvido pelos gestores do serviço público.
Os jornais têm.
Por isso é fundamental que um veículo como o Jornal VS (São Leopoldo, RS) dedique a capa, com uma foto que não deixa dúvidas e impressiona, ao descaso com uma estrada.
São matérias como essa, com a aposta certeira da direção, que fazem o governo se mexer e providenciar reparos.


A vantagem do fuso horário

Os Estados Unidos têm cinco fuso horários só na região continental (fora o Havaí).
Por isso a notícia da nmorte do senador Kennedy aparece tão bem nos jornais da California (Costa Oeste), rapidamente nos jornais do centro e não constam nos jornais da Costa Leste.