Imprima essa Página Mídia Mundo: 2009-10-18

sábado, 24 de outubro de 2009

As boas surpresas do sábado

É preciso surpreender sempre.
Kleine Zeitung (Graz, Áustria), Correio Braziliense (Brasília, DF) e Guelph Mercury (Guelph, Canadá) sabem disso e acertaram na mosca.

Aniversário com elegância


The Union (Grass Valley, CA) completou 145 anos.

Sem grandes festas, sem bairrismo, com elegância.

Repetição no The Guardian?

O líder do partido nacionalista inglês, Nick Griffin, está na capa do The Guardian (Londres, UK) dois dias seguidos.
Sexta e sábado, só dá Griffin.

Histórias, histórias & histórias

O jornalista é um contador de histórias.
O talento em saber contar uma história o faz se destacar dos simples reprodutores de notícias.
Há duas fantásticas histórias hoje, que certamente surpreenderam seus leitores.
O jornal O Dia (Rio de Janeiro, RJ) conta as desventuras de Brunio de Barros, 88 anos, ex-combatente na Segunda Grande Guerra, que voltou como herói da campanha da Itália, mas ontem foi atingido por uma bala perdida pela guerra do tráfico.
Enquanto isso o Toronto Star (Toronto, Canadá), que aos sábados sai como Saturday Star, publica o novo diário da escritora Jennifer Wells na Índia. Há 30 anos, a hoje mãe de família de 54 anos, esteve na Índia sozinha. Agora ela compara o país três décadas depois. Uma incrível história.

Argentina se preocupa com Chávez, Venezuela não

Os argentinos estão de olhos bem abertos em relação aos movimentos do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
A tal ponto que a legalização das mílicias é manchete do Clarín (Buenos Aires, Argentina).
Mas curiosamente a imprensa venezuelana desdenha do fato. Pelo menos não aparece em Últimas Notícias (Caracas, Venezuela), nem em El Universal (Caracas, Venezuela).
Será que há censura ou algum interesse maior, ou é pura opção jornalística?

A diferença entre notícia e história

Não há dúvidas que o caminho dos jornais é publicar algo mais que notícias.
Histórias, análises, consequências, motivos.
No lamentável tiroteio que feriu três pessoas em uma lan house de Cariacica, na Grande Vitória, os jornais capixabas tiveram comportamento oposto.
O Notícia Agora (Vitória, ES), popular da Rede Gazeta, noticiou a barbárie em manchete. É o fato e ponto final.
Mas o líder A Tribuna (Vitória, ES) conseguiu ir mais longe. A história da salvação do estudante em função de seu crucifixo é tudo aquilo que o leitor quer saber no dia seguinte ao fato.
Ponto para A Tribuna.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Dois destaques do Exterior

Repare na força da imagem que El Espectador (Bogotá, Colômbia) coloca na capa. A lágrima ganha destaque pelo corte ousado. Alguém dirá que um corte assim não é jornalístico.
Pois é, ainda tem gente que pensa assim.
Por acaso algum leitor imagina que a moça da foto não tenha boca?
Ora, isso é pensar antigo. O jornal colombiano pensou moderno.
Já o The Plain Dealer (Cleveland, OH) publica um infográfico simples e explicativo.
O que tem em um foguete?
É olhar o info e aprender.


Ilustração também é jornalismo



Está na capa do Klaipeda (Klaipeda, Lituânia).

Ilustrações bem feitas comunicam mais que fotos mal feitas. E muito mais que textos quilométricos ou manchetes enigmáticas.

Receita do que NÃO fazer. De novo


Mais uma vez o Diário de Taubaté (Taubaté, SP) ensina como não se fazer um jornal.

Fotos posadas e inúteis (até de jornalistas em festa), chamadas que não dizem nada.

Se os herdeiros da Velhinha de Taubaté já estavam cansados, agora estudam trocar de jornal.

Duas visões de jornalismo em Londres

O líder do BNP (British National Party), Nick Griffin, foi até a sede da BBC para uma entrevista ontem.
Ele é acusado de ser nazista.
Imediatamente as ruas em frente aos estúdios lotaram de manifestantes, que protestam contra suas posições xenófobas.
The Guardian (Londres, UK) investiu na imagem do sujeito, enquanto The Times (Londres, UK) preferiu dar espaço à manifestação.
Nesse duelo, gol do The Times.

Bairrismo também na Espanha


O todo-poderoso jornal El Mundo (Madri, Espanha) também ataca, às vezes, com conceitos bairristas.

Na capa de hoje, o diretor Pedro J. Ramirez posa com os líderes dos dois maiores partidos, Mariano Rajoy (PP) e José Luís Zapatero (PSOE e primeiro-ministro).

Está certo que é uma honra para um espanhol trazer esses dois políticos em missão de paz - era a comemoração dos 20 anos do jornal - mas a foto na capa significa que não havia imagem melhor ou mais significativa ontem.

Será?

Em bom português: bairrismo.

As boas idéias que conquistam leitores


O Diário de S. Paulo (SP) acaba de trocar de dono. A Infoglobo vendeu o jornal paulista para a Rede Bom Dia.

Na redação, por enquanto, tudo permanece como está. E as boas idéias aparecem.

Hoje o DSP mostra em fotos como é o efeito "lata de sardinha" dos trens da linha 9 da CPTM, que carregam até 10 passageiros por metro quadrado.

As imagens não mentem.

Show, don't tell.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Agilidade e criatividade


A grande aposta do Diário de Pernambuco (Recife, PE) é o bullying.

Não foi matéria planejada, nem grandes produções. É notícia de ontem, que o DP soube trabalhar e destacar.

A idéia da capa é fantástica pela simplicidade criativa.

Desse modo o Diário consegue fazer jornalismo e se destacar na concorrência acirrada de Pernambuco.

A grande história do Chicago Tribune


A menina meiga da foto ao lado escapou de um assassino há 24 anos. Opal Horton tinha apenas 8 anos na época.

O jornal Chicago Tribune (Chicago, IL) descobriu Opal agora, adulta, dois filhos, e em uma entrevista exclusiva revela seus sentimentos.

Opal escapou com a habilidade de uma menina, mas sua amiga Melissa Ackermon não teve a mesma sorte. O pesadelo segue na cabeça de Opal, apesar de todos os anos passados.

É com reportagens dessa qualidade que o jornalismo segue vivo e mexendo com as pessoas.

Por essa nem a Velhinha esperava


O Diário de Taubaté (Taubaté, SP) está ensinando todos os dias como não se fazer um jornal.

Hoje coloca o prefeito em destaque, por alguma ação sem maior importância. Foto com microfone, daquelas que o leitor odeia.

Depois desencava outra foto posada, com dirigentes da Eletrobrás devido a um projeto de jogar basquete.

Fora o projeto gráfico antiquado, com uma fonte que dificulta a leitura, o JT precisaria com urgência revisar seus princípios.

Para completar, o anúncio de capa apresenta colunagem diferente do jornal, o que deixa essa capa ainda pior.

Desse jeito, nem os últimos herdeiros da Velhinha de Taubaté vão conseguir ler o jornal.

Confusão na manchete


O Jornal da Paraíba (João Pessoa, PB) quis dar um enorme leque de informações com sujeitos diferentes.

E não conseguiu.

Fala em Polícia Civil na primeira ação, PF na segunda e PM na terceira.

A primeira polícia sem sigla, as duas outras abreviadas.

Confusão, confusão, confusão.

Quando se quer inventar muito, o resultado é o erro.

Duas visões de jornalismo no Maranhão

Os dois mais importantes jornais do Maranhão estão aí embaixo.
Um dá de manchete um acordo selado na terça-feira, ainda que hoje seja quinta.
O outro traz uma discussão sem precedentes entre desembargadores.
Um coloca a foto do reitor da Universidade posando para sair bem na imagem.
O outro ataca com uma arte, ainda que simples.
Um parece ter interesses políticos nas suas apostas, o outro interesses jornalísticos.
Qual você compraria, O Estado do Maranhão (São Luís, MA) ou O Imparcial (São Luís, MA)?


Imagens que chocam

A ONU acaba de apresentar o Drug Report 2009, um levantamento sobre o avanço das drogas no mundo.
O blog The Big Picture, do The Boston Globe, aproveita o gancho para mostrar as melhores fotos relacionadas às drogas, feitas pelas agências AP, AFP e Reuters.
O material é fantástico, como também é o blog de Alan Taylor.
A imagem abaixo, do fotógrafo Gillermo Arias (AP), é do dia 9 de outubro e foi captada em Tijuana, fronteira dos EUA com o México. E não é a mais "chocante" entre as 37 do blog.

Dica do colega Miguel Angel Jimeno.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Boas idéias têm prioridade

As boas idéias estão por todos os lados.
É só permitir que elas sejam executadas.
Como nesse cesto de lixo.

A liderança do The New York Times


Saiu o levantamento Nielsen Online de setembro, que mede as audiências dos sites dos Estados Unidos.

Levando em conta apenas os sites de notícias, a página web do The New York Times (Nova York, NY) é insuperável, com o dobro de visitantes únicos do segundo colocado, o The Wall Street Journal (Nova York, NY).

Mas é curioso notar que o crescimento nos últimos 12 meses é pequeno: 7% para o NYTimes.com, 15% para o WSJ.com.


A lista completa de unique visitors e o crescimento em 12 meses, que revela que a fidelidade e a confiança da marca de papel está sendo transferida à marca online, está aqui:


NYTimes.com -- 21,530,000 -- 7%

Wall Street Journal Online -- 10,409,000 -- 15%

USATODAY.com -- 9,908,000 -- (-13%)

Washingtonpost.com -- 9,239,000 -- (-29%)

LA Times -- 9,052,000 -- (-10%)

Daily News Online Edition -- 6,824,000 -- 54%

Boston.com -- 5,231,000 -- (-39%)

Chicago Tribune -- 4,587,000 -- 1%

Politico -- 4,519,000 -- (-2%)

SFGate.com/San Francisco Chronicle -- 3,936,000 -- (-23%)

New York Post -- 3,907,000 -- (-19%)

Atlanta Journal-Constitution -- 2,657,000 -- 22%

NJ.com -- 2,537,000 -- 22%

Chicago Sun-Times -- 2,463,000 -- (-33%)

Tampabay.com -- 2,427,000 -- 42%

Newsday -- 2,287,000 -- (-25%)

The Washington Times -- 2,239,000 -- (-7%)

MercuryNews.com -- 2,228,000 -- 13%

KansasCity.com -- 2,214,000 -- 40%

DallasNews.com - The Dallas Morning News -- 2,181,000 -- (-42%)

Philly.com -- 2,158,000 -- (-7%)

MiamiHerald.com -- 2,083,000 -- 10%

TBO.com -- 1,997,000 -- 51%

The Houston Chronicle -- 1,981,000 -- (-42%)

Star Tribune -- 1,928,000 -- (-10%)

Baltimore Sun -- 1,846,000 -- (-14%)

St. Louis Post Dispatch -- 1,831,000 -- 113%

Orlando Sentinel -- 1,784,000 -- 22%

MLive.com -- 1,751,000 -- 33%

Azcentral.com -- 1,750,000 -- 10%

Correio cobra respostas


Um jornal precisa traduzir os anseios de seus leitores. É uma forma de liderar o coletivo, ser o companheiro de todas as horas.

O Correio Braziliense (Brasília, DF) mostra - como ninguém no Brasil - sua indignação com os fatos cotidianos. Cobra de autoridades, cutuca políticos, mantém a memória acesa.

Como no crime do ex-ministro José Guilherme Villela, sua mulher e a empregada, com 73 facadas. O triplo assassinato aconteceu há 50 dias.

Com posições firmes, o CB consolida-se como um jornal parceiro do leitor. A indignação do jornal é a mesma do leitor.

Lamentavelmente a grande maioria dos jornais brasileiros têm medo de cobrar como o Correio. Medo de perder publicidade. Medo de represálias.

Sorte de Brasília ter o CB.

Os bandidos maoistas da Índia


O jornal The Telegraph (Calcutá, Índia) anda brabo com os maoistas do país.

Para explicar um espetacular assalto feito por 11 motos a um banco, com direito a atentado a um posto policial e duas mortes, o jornal fez um infográfico em que por seis vezes repete a expressão "maoista" em vez de criminosos, bandidos ou algum sinônimo.

Pelo jeito as idéias do líder da Revolução Chinesa não são bem aceitas no país vizinho,.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A História das Coisas - Uma reportagem

Annie Leonard sabe o que quer dizer.
É objetiva como os bons jornalistas devem ser.
O documentário "The Story of Stuff" deveria ser visto em todas as escolas.



Confusão editorial, medo de apostar

O jornal Comércio da Franca (Franca, SP) é exemplo do mantra: um jornal para todos é um jornal para ninguém.
Se a chuva que inundou a cidade foi tão forte que mereceu manchete - e rendeu uma ótima foto - por que não dar mais espaço ao dilúvio?
É porque o diretor quer oferecer mais assuntos, contemplar todos os públicos.
Só que isso não funciona.
As fotos da Francal, de Ney Matogrosso e do Rio de Janeiro são totalmente inúteis nessa capa.
Era preciso rasgar mais a rua alagada e o carro perdido. Assim o jornal passaria a mensagem que pretendia dar ao leitor, o caos da cidade alagada.
Como ficou acabou causando confusão editorial.
O medo venceu.

Parecidos, quase iguais

Os jornais irlandeses estão a cada dia mais parecidos.
Hoje o assunto principal de todos é o mesmo, o retorno de Sharon Commins ao país depois de 107 dias de cativeiro no Afeganistão.
A bela irlandesa foi sequestrada em julho e ontem voltou à Irlanda.
Mas o curioso é como os desenhos dos diários The Irish Times (Dublin, Irlanda), Irish Independent (Dublin, Irlanda) e Irish Examiner (Cork, Irlanda) são parecidos.
Até o tamanho do anúncio é igual!

As fotos estão trocadas


A idéia do Jornal de Limeira (Limeira, SP) é boa.

Água da chuva e água da adutora rompida. As águas que banharam a cidade ontem.

Mas faltou pensar mais 3 minutos para melhorar a capa: se a água da chuva vem de cima e a água da adutora de baixo, não seria melhor trocar a posição das imagens?

Claro que sim.

A simples alteração daria outro impacto lógico na capa.

Lula lá fazendo sucesso

O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, passou ontem por São Paulo.
E daí?
No Brasil isso não chega a ser notícia de primeira página.
Já na Colômbia...

Para afugentar os derradeiros leitores


O jornal O Estado do Maranhão (São Luís, MA) é apoiador incondicional do senador José Sarney, da governadora Roseana Sarney e de todos os Sarney.
Aliás, o jornal pertence à família Sarney.
Só que um jornal tão parcial assim está convidando seus leitores a trocarem de diário.
A manchete de hoje chega a ser uma agressão aos últimos leitores que ainda tentar ler OEM.
O balanço do governo Roseana (que perdeu as eleições e assumiu em uma decisão contestada da Justiça) é positivo? Quem faz esse balanço? Alguém isento? Algum observador externo? Algum órgão nêutro? A Universidade?
Não, o próprio jornal.
Ou seja, a empresa de Roseana diz que o governo de Roseana é positivo.
Ah, bom.
Pobres leitores.
O OEM, que perde dinheiro em sua operação diária, caminha assustadoramente ao abismo.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Algumas páginas do i

O i (Lisboa, Portugal) é o jornal mais impressionante da Europa.
É quem consegue mudar a lógica do jornalismo, com reportagens de peso, arte de alta qualidade, inteligência editorial.
Em apenas 5 meses de existência, colecionou mais de 30 prêmios da SND-Espanha/Portugal.
Como recebi muitos e-mails solicitando material do i (estive na equipe que ajudou o jornal a ter essa concepção tão surpreendente), aí vão mais algumas páginas do jornal.

Obs: muitas e muitas páginas do i, bem como uma entrevista com o diretor de arte do jornal português, Nick Mrozowski, estão no blog Innovation in Newspapers, de Juan Antonio Giner.


O jornalismo responsável da Inglaterra


O The Guardian (Londres, UK) traz hoje uma impressionante reportagem sobre tortura e maus tratos no Peru.

O fato ganha importância na Europa pois são trabalhadores que protestavam contra uma mineradora inglesa.

A cobertura do diário tem até um ótimo vídeo explicativo.

Não deixa dúvidas.

Carioca da gema

Olhe as capas dos jornais abaixo e responda:
O que há em comum entre eles?
Fácil, assuntos do Rio de Janeiro.
São jornais cariocas, preocupados com a violência dos morros e comemorando a atuação de Pet pelo Mengão.
Ops, mas há um "estranho no ninho".
Sim, há. O segundo, a partir da esquerda, é do Rio Grande do Sul. E ainda exibe o lema, logo abaixo do logotipo: Diário de Integração da Serra.
Trata-se do Pioneiro (Caxias do Sul, RS), que conseguiu com sua capa de hoje ser mais carioca que os cariocas Extra, O Globo, Jornal do Brasil e O Dia.
Será que há tantos cariocas assim em Caxias do Sul a ponto de o jornal gaúcho dedicar capa monotemática na segunda-feira ao assunto de sábado?
Detalhe: o também gaúcho Zero Hora (Porto Alegre, RS) deu manchete à violência do Rio, mas pelo menos disfarçou com o futebol do sul por perto.

domingo, 18 de outubro de 2009

Quem lê tanta notícia?


O jornalista Elio Gaspari conta que certa vez, ao entrevistar o então secretário-geral do Partido Comunista Italiano, Enrico Berlinguer, para o Jornal do Brasil (Rio, RJ) nos anos 80 foi surpreendido com o seguinte diálogo:

- Quantas páginas tem o Jornal do Brasil?
- 48 páginas.
- Ah, 48 páginas. E quem lê tantas páginas?

A discussão sobre o tamanho ideal de um jornal não é nova. Mas é fato que a quantidade de informações que se publica em um jornal é tanta, que um leitor-padrão consome apenas 10% do que lhe é oferecido. Os outros 90% passam sem que o leitor note. Vão para o lixo. Enrolam peixe no mercado.

Um recente estudo afirma ainda mais: uma edição dominical do The New York Times (Nova York, NY) oferece mais informações do que um cidadão do Século XVII poderia obter em toda sua vida!

Está na hora de levar a sério a idéia de se fazer jornais mais compactos e diretos.