Imprima essa Página Mídia Mundo: 2011-04-03

sábado, 9 de abril de 2011

Os melhores do day after

Alguém já disse que a capa do dia 12 de setembro (sobre o ataque às torres gêmeas da véspera) foi barbada, mas a capa do dia 13 foi das mais difíceis de definir.
No caso do Realengo vale a mesma regra.
O Dia (Rio de Janeiro, RJ), que havia pisado na bola na véspera, brilhou. Contar a história do encontro de Jady com seu salvador Márcio é jornalismo de primeira.
O Globo (Rio de Janeiro, RJ) foi super ousado em dedicar meia capa à fantástica e sensível foto de Felipe Dana.
Correio Braziliense (Brasília, DF), que também não soube brilhar ontem, e Correio* (Salvador, BA) acharam motes novos e foram bem melhor que a concorrência.


O editor não foi trabalhar


Não há outra possibilidade. Alguma coisa aconteceu na cúpula de O Popular (Goiânia, GO).

O tradicional jornal sai hoje com a manchete de pelo menos uma dúzia de jornais...ontem.

Alguém não foi à redação ontem. Ou é a capa de sexta que foi mal transmitida pelo diagramador.

Não tem explicações.

Chapa-branca com recibo


O Jornal da Cidade (Bauru, SP) deve andar atrás de algum anúncio do Governo do Estado.

Se o governador apóia a medicina da cidade isso é notícia? Manchete?

Seria se o governador anunciasse boicote à medicida de Bauru.

Há mais lógicas, além da jornalística, entre o que se quer publicar e o que é efetivamente publicado.

Realengo: sete acertos

A boa capa não precisa de legenda.
Parabéns O Povo (Fortaleza, CE), Diário de Pernambuco (Recife, PE), Diário de S. Paulo (SP), A Gazeta (Vitória, ES), Jornal de Santa Catarina (Blumenau, SC), Pioneiro (Caxias do Sul, RS) e Hora de Santa Catarina (Florianópolis, SC).
Simplesmente fantástico.

Realengo: quatro equívocos

O editor de fotografia de Zero Hora, Ricardo "Kadão" Chaves. costuma dizer que fazer a capa em um dia de grande e óbvia notícia é fácil. Difícil é quando é preciso cavocar um conteúdo.
Kadão tem razão, por isso é ainda mais grave quando alguns jornais não aproveitam a chance para fazer uma capa antológica, em eventos como o massacre de Realengo.
Folha de S. Paulo (SP) foi extremamente Folha de SP ao ser fato sobre fato, sem criatividade, como uma breaking news de web ou um noticiário de rádio. Mesmo chegando 24 horas depois na casa do assinante. Perdeu a chance.
O Estado de S. Paulo (SP) fez a manchete da preguiça, aquela que o estagiário grita do fundo da redação depois de ver o noticiário de TV a cabo: massacre no Rio.
O Dia (Rio de Janeiro, RJ) praticou um dos erros mais comuns em quem pouco entende de jornalismo moderno. Em vez de ser boutique, e apostar em poucos produtos, virou atacado e jogou todas as ofertas empilhadas. O jogo de imagens é muito ruim, fruto de quem não quer decidir se essa ou aquela imagem é mais significativa. Na dúvida, tudo junto.
E o Correio Braziliense (Brasília, DF) pretendeu ser intelectual demais. E quem se lembra de Columbine?
Perderam a grande chance.

Nota do editor: a avaliação da cobertura de ontem só chegou hoje devido a problemas de conexão com a rede. Realmente não deu.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Lições para um dia triste


Cobrir um massacre como o de ontem mistura o ser jornalista com o ser humano.

O Europe Blog, do Dart Centre (instituto de pesquisa ligado à Columbia University, de Nova York), tem quatro lições para quem precisa acompanhar a cobertura de um ato com o do atirador da escola de Realengo.

1. Não pense em uma só causa para algo tão complexo;
2. As imagens são muito mais fortes do que qualquer coisa escrita;
3. Não faça herois e vilões;
4. Escute os leitores;

Dica do colega e amigo Leão Serva

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Genial!


Um jornal precisa se posicionar. Acabou o tempo de um jornal ser apenas um reprodutor de informações.

Extra (Rio de Janeiro, RJ) traz hoje uma das melhores matérias do ano (vai dar prêmio).

O desgoverno do prefeito de Niterói está contado com elegância, informação, talento.

Simplesmente genial.

Dois acertos

Mogi News (Mogi das Cruzes, SP) entrou no prédio do Fórum de Brás Cubas e revelou o estado lastimável das instalações e do maior ativo, a memória.
O Popular (Goiânia, GO) contou a história de Adriele, assassinada por ser homossexual.
Dois golaços.


Dois erros

Para o Diário do Grande ABC (Santo André, SP), a morte de um vereador é manchete.
Não há nada mais interessante na região?
Enquanto isso o Diário Catarinense (Florianópolis, SC) inventou um termo novo para quantificar o preço da gasolina: degrau.
Gasolina é escada?


quarta-feira, 6 de abril de 2011

O erro de concepção de um projeto gráfico


Donos de jornais adoram lançar novos projetos gráficos. Como um passe de mágica, acreditam que um novo grafismo vai alavancar vendas.

Engano típico de quem não entende de jornalismo.

O principal problema dos jornais é o modelo editorial, o estilo de jornalismo que se executa.

Fazer um projeto gráfico novo, como o Jornal do Commercio (Recife, PE), serve apenas para gastar um pouco de dinheiro, atrapalhar a vida dos diagramadores (que devem se adaptar aos novos padrões) e dar uma ilusão ao leitor de que o jornal está moderno - ilusão que termina em uma semana.

O JC precisa repensar sua forma de fazer jornalismo. Ou em breve estará na legião dos jornais tradicionais esquecidos.

Fácil e rápido


O Diário Catarinense (Florianópolis, SC) teve uma grande ideia, acessível a todos os jornais.

Se há uma boa notícia no campo da saúde, basta visitar qualquer posto de saúde de periferia para encontrar outra realidade.

O contraponto faz todo o sentido.

terça-feira, 5 de abril de 2011

História de primeira, foto melhor ainda


Existe um preconceito geral sobre casos de polícia. Há quem diga que histórias de sangue desqualificam um jornal.

Mas a verdade não é bem assim.

Os casos dramáticos mexem com a população, ocupam as mesas de bar. São retratos da sociedade, onde cada cidadão vive.

Por isso o Diário de Pernambuco (Recife, PE) acertou em cheio ao apostar cabeça, tronco e membros na chacina sádica promovida por dois jovens em suas ex-namoradas.

E a foto escolhida, de Julio Jacobina, é ótima.

Nota 10.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mais realista que o rei

O jornal Zero Hora (Porto Alegre, RS) não resiste à tentação de ser nacional, de falar de assuntos que - em teoria - são nobres, dão prestígio, interessam às classes mais favorecidas.
O avião da Air France caiu no Atlântico há quase dois anos. A novidade é que os franceses encontraram mais destroços (notícia, aliás, que invadiu sites e TVs ontem à tarde).
Aí o diário gaúcho dá o tema em manchete!
Nem O Globo (Rio de Janeiro, RJ), esse sim um jornal carioca com atuação nacional, falou do assunto na capa. Isso que o voo partiu do Rio, com muitos turistas cariocas entre as vítimas.
Zero Hora quer ser maior do que realmente é. Mas se insistir com o erro de querer olhar o espectro maior que seus olhos, corre o risco de desagradar leitores.
É mais realista que o rei.


Que foto!


Não é preciso legenda para que a foto de capa do Diário de Santa Maria (Santa Maria, RS) funcione como um soco no estômago do torcedor do Inter local.

O rebaixamento após um vergonhoso 0 a 3 contra o Pelotas foi a gota definitiva.

A imagem, de rara sensibilidade, do repórter fotográfico Jean Pimentel é desde já candidatíssima aos prêmios anuais de fotografia jornalística.

A opção de publicá-la em PB foi mais que acertada.

Sensacional.

domingo, 3 de abril de 2011

A vantagem de se ter memória


Um dos grandes calos do jornalismo brasileiro é a falta de memória. Um fato que é manchete em um dia cai no esquecimento na semana seguinte - e ninguém lembra de suitar como se deve. Perdem-se aí ótimas matérias.

Há o vício de esperar o aniversário, para ver como fica. E aí foram-se 365 dias.

O Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) lembrou do Caso Bruno e hoje conta como o goleiro detento vive dentro de uma penitenciária. Suas mordomias, seu jeito, seu futuro, e a convicção de seu advogado de que Bruno pode ser liberado nos próximos dias.

A propósito: que fim levou Mizael, advogado de Guarulhos acusado de assassinato e foragido?

Os jornais têm pouca memória.