A linguagem renovadora do Ara

Ara (Barcelona, Espanha) é o mais novo jornal da Catalunha.

Veio competir com La Vanguardia (Barcelona, Espanha) em busca do novo leitor: mais jovem, mais exigente, menos interessado nas informações commodity.

Por isso consegue chamar a atenção pelas boas ideias, como a tentativa de recriar a famosa foto do beijo de Robert Doisneau, agora na Rambla de Barcelona.

A diferença visual é enorme

Compare as capas de hoje dos concorrentes A Tarde (Salvador, BA) e Correio* (Salvador, BA).

A foto de Almiro Lopes (Correio*) é mais esclarecedora do que a de Haroldo Abrantes (A Tarde). Mas não é essa a diferença fundamental.

A edição é o ponto-chave. O Correio* investiu na imagem, entendeu que a informação da foto daria a mensagem que o jornal queria passar ao leitor.

Já A Tarde dimensionou mal a foto, reduziu-a para valorizar a manchete - que fala exatamente a mesma coisa que a imagem revela. Pior, destaca com fogos de artifício a foto-clichê da cerimônia de lava-pés.

Por atitudes como essa o Correio* é cada vez mais líder na Bahia.

No rumo certo

O Correio Braziliense (Brasília, DF) parece estar de volta aos grandes tempos (a segunda metade dos anos 90, por exemplo).

Virou presença constante no Mídia Mundo pela inteligência de suas capas.

Bolar uma boa capa dá trabalho. É preciso pensar, ousar, experimentar, olhar, decidir. É muito mais fácil praticar o feijão com arroz. Sem pimenta.

O Correio corrigiu o rumo das apostas certeiras e parece estar retomando o caminho do jornalismo diferenciado que o transformou, há 15 anos, em um dos principais jornais do país. E, ultimamente, andava esquecido em alguma parte do Planalto Central.

O leitor agradece.

Jornal precisa cobrar soluções urbanas

Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) e A Gazeta (Vitória, ES) acertaram na mosca na aposta de capa de hoje.

Os dois cobram soluções para problemas viários urbanos, obrigações das prefeituras que, provavelmente, adorariam jogar tudo com a barriga.

Jornais são essencialmente locais. Esses problemas são os que interessam aos leitores uma solução urgente.

E deu Real Madrid

Não sobrou para ninguém.

Os jornais espanhois comemoram o título da Copa do Rey, que não vinha para o estádio Santiago Bernabeu havia 18 anos.

Todos? Quase.

Se Marca (Madri, Espanha), As (Madri, Espanha) e ABC (Madri, Espanha) soltam fogos, os "derrotados" Sport (Barcelona, Espanha) e Mundo Deportivo (Barcelona, Espanha) se atiram para a Liga dos Campeões (o título que restou).

PS: vale ver o vídeo do que aconteceu com o Copa durante a festa.

A Taça em jogo na Espanha

Hoje tem Barcelona x Real Madrid de novo, agora pela Copa da Espanha.

Vai ser uma guerra.

É duelo monotemático em Marca (Madri, Espanha), ABC (Madri, Espanha), Mundo Deportivo (Barecelona, Espanha), As (Madri, Espanha) e Sport (Barcelona, Espanha).

Os pequenos da RBS em destaque

Enquanto os irmãos mais famosos Zero Hora (Porto Alegre, RS) e Diário Catarinense (Florianópolis, SC) seguem praticando um jornalismo bem mais convencional do que o leitor gostaria, pequenos jornais do Grupo RBS conseguem colocar um pé na modernidade.

O Jornal de Santa Catarina (Blumenau, SC) ensina hoje como utilizar a linguagem visual para passar uma informação. A arte, extremamente simples, é muito eficiente. Vale mais que qualquer manchete sobre o tema.

O Pioneiro (Caxias do Sul, RS) investe em uma sensacional imagem da repórter-fotográfica Daniela Xu. Acertou de novo.

Ficou fácil emplacar nos jornais

OK, a pesquisa do Ministério da Saúde sobre hábitos de alimentação e peso é curiosa.

Mas daí até virar manchete de importantes jornais parece uma certa dose de exagero. A notícia é commodity, todos têm igual.

Pelo menos O Povo (Fortaleza, CE), Diário de S. Paulo (SP), Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) e O Popular (Goiânia, GO) foram criativos na maneira de apresentar a pesquisa.

Mas jornais como Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG), Jornal NH (Novo Hamburgo, RS), Jornal de Brasília (Brasília, DF), Correio do Povo (Porto Alegre, RS) e O Tempo (Belo Horizonte, MG) foram conservadores.

Nunca foi tão fácil para um ministério ganhar as manchetes dos jornais.

Alô O Dia, aquele abraço!

Um jornal vive de boas ideias.

Muitas vezes a boa ideia dá um trabalho danado.

O Dia (Rio de Janeiro, RJ) tinha a mesma informação de toda a imprensa brasileira: a escola de Realengo reabriria hoje, 11 dias depois da tragédia.

Aí planejou, trabalhou duro e foi à luta (imagine o que é fazer fotos de todos esses personagens com o abraço).

O resultado é espetacular.

Alô pessoal de O Dia, aquele abraço pra vocês!

Excesso de planejamento em Bauru

O Jornal da Cidade (Bauru, SP) levantou uma ótima história para este domingo: Roberto Carlos, que comemora 70 anos, esteve na casa de uma cidadã da cidade. A matéria conta esse fato, que ocorreu em 1965.

Até aí tudo bem. Só que a filha do Rei morreu ontem e Roberto Carlos mudou toda a programação que tinha. O momento é de luto.

Mas o JC estava tão planejado que não "virou" a matéria. Limitou-se a dar a última linha da legenda para informar o cancelamento do show de aniversário. O detalhe que mata a matéria.

Nesses momentos um bom jornal precisa derrubar o planejado. O Jornal da Cidade não soube virar a matéria e agora paga mico.

Uma boa causa em Goiás

O trânsito é o maior problema urbano em 9 de cada 10 cidades brasileiras.

Se os jornais não cobrarem das autoridades, em breve o que já é caótico vai ficar ainda pior.

Acertou O Popular (Goiânia, GO) que cobra apenas a aplicação das leis que regulamentam a expansão urbanística em uma cidade planejada como Goiânia.

Que sirva de exemplo outros jornais.

Manipulação ingênua da informação

Impressionante a ocasião perdida pela Folha da Região (Araçatuba, SP), parece até uma decisão empresarial.

Durante um mês os repórteres do jornal fizeram um porta a porta entrevistando mil moradores. Pediam uma nota de 1 a 10 para o prefeito Cido Sério.

Nada menos que 57,4% deram nota 1 e 10,8% nota 2. Ou seja, 2 de cada 3 moradores da cidade não suportam Cido.

Mas a capa do jornal mostra outra coisa. No visual a primeira informação é que 12 pessoas deram nota 10.

Trata-se de um estelionato informativo. A reportagem da Folha fez seu trabalho, possivelmente a direção decretou uma intervenção.

Que pena. O leitor, para variar, perdeu.