O que é que a Bahia tem?

A foto nas capas de Correio* (Salvador, BA) e A Tarde (Salvador, BA) veio por agência.

A imagem, de Ricardo Moraes, chegou a um jornal pelas mãos da AFP, pelo outro pela Reuters (pelo menos é o que dizem os créditos).

O mais curioso é que a foto, captada no Rio, não está na capa de nenhum outro jornal brasileiro - nem dos cariocas. Só os baianos apostaram tudo nessa (ótima) imagem.

O que é que a Bahia tem?

O banheiro do Papa

O bom jornalismo existe para que se conte o outro lado da informação.

O Globo (Rio de Janeiro, RJ) soube praticar o bom jornalismo deixando de lado os confetes da visita do Papa e mostrando o que ninguém viu. Por exemplo, a falha da organização, que levará a missa final a Copacabana, jogando pela sarjeta alguns milhões de reais investidos no Campus Dei - coberto de lama.

A história é tão boa que lembra o roteiro de O Banheiro do Papa, filme uruguaio de 2007. Vale ver e relacionar as duas histórias- aliás, o que O Globo soube fazer.

Um dia após o outro

Se ontem o Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) fez quase tudo certo, hoje conseguiu dar sequência - e acertar também no logo.

Não importa se há uma segunda equipe forte em Minas Gerais. Em dia de Atlético, é preciso torcer para o Galo.

Ontem o grito de campeão estava pela metade no distintivo do clube. Hoje está completo.

E até a cor do logo do jornal mudou.

O perigo de relacionar informações

O Paysandu perdeu pela Copa do Brasil.

O Atlético venceu pela Libertadores.

Laranjas são laranjas, bananas são bananas.

Do modo como a manchete de Amazônia (Belém, PA) foi construída, o Papão perdeu na Libertadores também.

Vergonha da Espanha

O acidente que matou 80 pessoas até agora (informação das 10h) tomou conta de toda imprensa espanhola.

Toda?

Não. O jornal La Gaceta (Madri, Espanha) demonstra estar totalmente fora de esquadro ao reduzir a importância do acidente a uma pequena foto baixa na capa e apostar tudo em uma sucessão no governo da Andaluzia.

Detalhe: a informação não é exclusiva, não faz a menor diferença para quem vive em Madri e ainda utiliza a foto de sorrisos da dupla - ambos envolvidos em um tremendo escândalo de corrupção.

Lamentável.

PS: colaboração do designer e amigo Antonio Martin

A dança dos números

Em uma tragédia, a contagem de mortos funciona como bola de neve.

Por isso a última coisa que um jornal deve fazer é bancar a quantidade de vítimas.

Ontem um trem descarrilou na Espanha.

El País (Madri, Espanha) fala em 24 mortos.

El Correo (Bilbao, Espanha) vai de 30.

El Mundo (Madri, Espanha): 35.

La Nueva España (Oviedo, Espanha): 50.

Atlántico (Vigo, Espanha): 56.

El Correo Gallego (La Coruña, Espanha): 60.

Agora (07h50min do Brasil) os site informam que são 78 mortos. E crescendo.

Vale ser torcedor até os dentes

O Estado de Minas (Belo Horizonte, MG) acertou ao dedicar quase a capa inteira ao Atlético Mineiro, que hoje disputa a final da Libertadores da América (título que não possui).

O jornal só errou ao manter o logotipo com seu característico azul (cor do rival Cruzeiro). Hoje era dia de ser torcedor, parcial, apaixonado.

O jornalismo vive de um dia após o outro. Se o Galo for campeão todo espaço será pouco amanhã. Mas se o Atlético perder será preciso dar continuidade à grande aposta do dia.

Logo nevado

Está tão frio no Sul que até o logotipo do popular Hora de Santa Catarina (Florianópolis, SC) congelou.

Mexer no logo ainda é dogma para muitos diretores e acionistas, que o consideram sagrado.

O Google ensinou que hoje isso não passa de um conservadorismo sem sentido. Mas ainda é raro encontrar bons exemplos como o da Hora no Brasil.

A vingança republicana

A revista satírica The Private Eye (Londres, UK), republicana até a alma, noticiou assim a chegada do bebê real:

Mulher tem bebê.

Genial!

Brincando com o vovô

Para o Daily Mail (Londres, UK) a grande graça do nascimento do bebê real é que o Príncipe Charles virou avô.

Outra forma criativa de comemorar a chegada do filho de Kate.

O bebê que mudou o nome do jornal

Sensacional a sacada do popular The Sun (Londres, UK).

Para brincar com as palavras, a edição leva hoje o nome "The Son" (o filho) e não "The Sun" (o sol).

Uma forma inusitada de comemorar o nascimento do bebê real.

PS: dica de Paulo, via comentário aqui no blog.

Aposta monotemática na Inglaterra

Não, ainda não é o bebê real.

The Times (Londres, UK) surpreendeu seus leitores hoje com uma capa dupla apenas com a foto de um de seus mais novos ídolos, o ciclista Chris Froome, campeão da Volta da França.

The Times não é popular, nem esportivo. É um quality com mais de 200 anos de existência.

Prova de que a tendência dos jornais europeus é cada vez apostar mais em menos elementos.