Não há sensação pior a um consumidor do que se sentir enganado. Por exemplo, quando o chocolate ruim muda o rótulo e avisa que agora o sabor está melhor - mas a sensação é de chocolate velho, o mesmo de antes - a decepção é grande.
Quando se anuncia aos leitores uma mudança de projeto gráfico e editorial, alinhado com os desejos da audiência, se espera que vícios de um jornalismo antigo e surrado desapareçam. Mas não é o que acontece com o Zero Hora (Porto Alegre, RS).
Ontem foi apresentado o novo projeto gráfico de ZH (na verdade um lifting, uma evolução de mudanças recentes) e anunciado em 5 páginas, com alegadas enormes novidades.
Hoje, a chamada para um acidente de trânsito que ocorreu no final da manhã de ontem em Novo Hamburgo - e que matou uma família é...."Família morta em acidente". Como é?
Qual leitor do jornal gaúcho ficou sabendo somente hoje do acidente, sendo que a tragédia foi bombardeada pelo próprio site de ZH, redes sociais, rádios do grupo RBS e pela TV durante todo o dia de ontem? Por que um jornal que se considera inovador escorrega em atitudes antigas como essa, mesmo horas depois de anunciar mudanças e modernidades?
Possivelmente a embalagem se renova, mas os cozinheiros do chocolate seguem os mesmos, mantêm velhos hábitos. Está no DNA.
Cerca de 40 quilômetros de Porto Alegre, o Jornal NH (Novo Hamburgo, RS), ensina como um impresso deve se comportar depois de uma notícia que envelheceu. O mesmo acidente, mas com um pouco de inteligência por trás.
PS: nos bastidores do Vale dos Sinos, se diz que o Jornal NH está trabalhando também em um novo projeto gráfico. E pelo que se vê na capa de hoje, ao menos o conceito de modelo editorial do impresso, da pós-notícia, está bem encaminhado.
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