Imprima essa Página Mídia Mundo: A neutralidade burra

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

A neutralidade burra

 



Os jornais impressos gaúchos estão se esforçando para espantar os poucos leitores que ainda restam.

A edição por piloto-automático vai acabar por encerrar as edições - ou, pelo menos, tirar completamente a importância da primeira página.

Sempre que há campeonato de futebol, diz uma regra arcaica do Sul, é preciso dar o mesmo peso a Grêmio e a Internacional na capa. Quem foi o "gênio" que implementou tal lei é uma incógnita - possivelmente não trabalha mais em jornalismo, foi vencido pelo tempo.

Acontece que cada equipe é uma equipe. Que a importância de cada partida é diferente. Que a posição no campeonato é outra. E, mais ainda, que o dia de realização de cada jogo é também algo que deveria dar dois pesos diferentes às equipes.

O Grêmio jogou sábado. Empatou com o São Paulo na capital paulista. E está no meio da tabela. Assunto velho, que se esgotou na noite de sábado ou no início da manhã de domingo.

O Internacional jogou ontem, no fim da tarde. Venceu o Vasco da Gama e assumiu a liderança do Campeonato Brasileiro.

Ou seja, a grandeza dos jogos, o momento de realização e as consequências não são comparáveis. Jornalisticamente o Internacional é sensação, é notícia da segunda-feira. O Grêmio, uma breve.

Mas hoje três jornais gaúchos trazem rigorosamente a mesma estratégia editorial no que se refere ao futebol. E erram juntos.

Zero Hora (Porto Alegre, RS) divide a capa em espaços iguais para as partidas de Grêmio e de Internacional. Correio do Povo (Porto Alegre, RS) copia a ideia infeliz e faz o mesmo. Diário Gaúcho (Porto Alegre, RS) é outro que erra também pelo mesmo motivo.

É lamentável. Uma prova de que falta inteligência criativa por trás dos impressos gaúchos. E, dessa forma, o futuro não é nada promissor.

2 comentários:

  1. Amigo. Você não conhece o RS. Fui visitar um jornal de Novo Hamburgo e essa prática também ocorre lá. Se não fizer isso, os leitores ligam cancelando suas assinaturas (é verdade, acontece). Há jornalismo e há a rivalidade Gre-nal.

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    1. Caro Cabeção,
      Não só conheço o RS, como nasci e moro no Estado. Assinantes cancelam suas assinaturas por qualquer motivo, principalmente dar-se conta de que aquele produto, impresso, não vale o dinheiro investido. Mas alguém inventou que é pelo Gre-Nal. Que existe a rivalidade, nenhuma dúvida. Só que se alguém precisa ajudar o leitor a ver o mundo, esse alguém é o jornalista - responsável por produtos como o impresso. Colocar as duas equipes com pesos iguais na capa - e no número de páginas internas - e ficar em cima do muro e não ter coragem de assumir que isso é mais relevante que aquilo. É medo. É mau jornalismo. Uma pena que esse "murismo" só exista no RS.

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