O tempo em que o jornalismo acreditava que isenção significava não ter opinião acabou. The New York Times (Nova York, NY), por exemplo, cresceu quando assumiu ser contra o governo de Donald Trump. Hoje tem mais de 7 milhões de assinantes.
No Brasil os veículos ainda resistem a tomar posições, embora os erros e desmandos do Presidente da República tenham feito Folha de S. Paulo (SP) e O Globo (Rio de Janeiro, RJ) assumirem postura de crítica contra Jair Bolsonaro. Inclusive apoiando movimentos pelo impeachment.
A revista IstoÉ (SP) tem sido uma fonte de oposição ao Presidente, ainda que não repercuta tanto como em outros tempos. Mas vale a pena observar o posicionamento de suas capas.
Já jornais regionais como Zero Hora (Porto Alegre, RS) parece não terem entendido que veículos de comunicação precisam, pelo menos, defender a vida. Sem preocupar-se em apoiar este ou aquele político. Na pandemia já se sabe que não existe tratamento precoce, por exemplo, nem cura milagrosa sem que se interrompa a circulação de pessoas. Aceitar discutir a possibilidade de abertura do comércio, em nome da defesa da economia, é atentar contra a vida dos leitores e as razões da ciência.
A carta do editor deste sábado é um emaranhado de bobagens pouco defensáveis:
"Apesar de estarmos em um cenário muito mais grave, o embate permanece. Por isso a necessidade de dar voz a todos os lados, para que o leitor e o ouvinte conheçam os argumentos a favor e contra".
Não, Zero Hora, a necessidade é uma só: defender vidas. E pouco importa se o prefeito municipal pense diferente, para agradar os empresários eleitores que financiaram sua campanha. É preciso ter coragem e sair do alto do muro.
Veículos de comunicação precisam, sim, assumir posições.
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