Imprima essa Página Mídia Mundo

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Enfim, a imprensa se rebela


Demorou 14 meses, mas enfim um meio de comunicação pede - explicitamente - o final imediato do mandato do Presidente da República.

A revista IstoÉ (SP), vista por alguns como "QuantoÉ", levanta a bandeira do impeachment de Bolsonaro, o mais polêmico de todos os presidentes da história do Brasil - incluindo os militares.

Folha de S. Paulo (SP) e O Estado de S. Paulo (SP) foram muito duros em editoriais, mas nenhum pede a saída do Presidente. E motivos de desrespeito à Constituição não faltam - muito mais claros que as pedaladas fiscais de 2015/2016.

Depois do desrespeito às mulheres e à repórter Patrícia Campos Mello, os tiros no senador Cid Gomes talvez tenham sido o estopim de algo maior que está por vir. A imprensa, pelo menos, acordou.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Zero Hora está perdendo o DNA gaúcho?


Naquele jogo bem humorado de simulação de manchetes de cada jornal brasileiro, Zero Hora (Porto Alegre, RS) sempre apareceu exagerando no bairrismo. Era algo como "Nenhum gaúcho entre as 250 vítimas de explosão na Índia".

Mas pelo jeito algo mudou no jornal gaúcho. Ou há um fato político comandando seu lado editorial.

O gaúcho com mais alto cargo no governo Bolsonaro foi defenestrado da Casa Civil. De troco, Onyx Lorenzoni ganhou o Ministério da Cidadania (quase um prêmio de consolação), antes ocupado por outro gaúcho linha-dura, Osmar Terra - esse exonerado.

Ou seja, não é preciso muito conhecimento para se deduzir que os gaúchos perderam espaço com o presidente-capitão. E isso deveria ser dito e explicado pelo jornal líder do RS.

Mas a manchete de hoje é exatamente o que não interessa aos sulistas: a notícia de Brasília, no lugar de algo relevante para os gaúchos.

Verdade que a pela manhã a Rádio Gaúcha, do mesmo grupo RBS, entrevistou os dois políticos que perderam poder. E, estranhamente, deram espaço para que os dois interpretassem as demissões como algo positivo para eles. Esqueceram de fazer jornalismo, preferiram dar palanque.

Haverá algum interesse político da empresa ao proteger os dois defenestrados?

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Sexta-feira de boas fotos


A sexta-feira, enfim, começou a ser entendida também no Brasil como o início do fim de semana. E, por isso, um dia de conteúdo mais leve, de prazeres da vida - não apenas mortes e roubalheiras. Algo que já existe no Exterior há algum tempo.

Hoje O Estado de S. Paulo (SP) e Zero Hora (Porto Alegre, RS) apostam em lindas imagens de Felipe Rau e de Marco Favero.

É muito bom saber que os impressos começam a entender o que seus leitores querem receber.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Um impresso que encanta pela arte


O Povo (Fortaleza, CE) é um jornal que pode ter inúmeros problemas em organização ou priorização de pautas, mas em um ponto trata-se do melhor do Brasil de longe: o grafismo.

Que outro impresso daria a manchete alinhada na direita, permitindo um enorme branco na área mais nobre da capa?

E os cortes ousados e surpreendentes na coluna Carnaval, à direita?

Absolutamente genial. Dá gosto comprar um exemplar. Para isso serve o impresso.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O piloto-automático e o pensar


O jornal A Tarde (Salvador, BA) está dando provas diárias de que as coisas não estão bem pelos lados soteropolitanos. Hoje aposta em manchete pelo coronavírus, mas ilustra com uma péssima foto, de release, do Ministro da Saúde em coletiva.

A quem interessa essa foto? Talvez à mãe do Ministro, ao Presidente da República e ao próprio Ministro. Mas não ao leitor. Tudo o quer o leitor não quer é gente engravatada em volta de uma mesa.

O Estado de S. Paulo (SP), por exemplo, até escorrega em uma "pegadinha", mas pensou bem antes de definir a capa. O assunto é o mesmo, só que as imagens são de três testemunhas na China (não são os casos anunciados em manchete, evidentemente).

Bastou pensar. E praticar jornalismo.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Folha não se intimida e enfrenta o governo


Não bastaram as ameaças de cortes de verbas, retaliações e até o presidente da república se negar a responder perguntas do jornal. Folha de S. Paulo (SP) segue firme buscando moralizar o que ainda é possível pelos lados de Brasília.

O escândalo moral do Secretário de Comunicação Social (Secom) do governo, de ser sócio de uma empresa de lobby e de assessoria de imprensa ao mesmo tempo em que divide verbas para grandes meios, só piora. A Folha revela hoje que (surpresa?) os clientes do Secretário foram, por casualidade, beneficiados com a distribuição de campanhas no ano passado. Ou seja, "me pague aqui que eu devolvo lá".

O papel da Folha é fundamental para que a democracia siga dominando o quadro político brasileiro.

Como não se deve fazer uma capa


Nem bem começa o ano e Zero Hora (Porto Alegre, RS) já dá sinais de que será mais um período de segundas-feiras de capas medíocres - como tem sido nos últimos tempos. A primeira preocupação é "equilibrar" notas de Grêmio e de Inter, equipes gaúchas que dividem a torcida. E isso não faz o menor sentido em 2020.

Pior, o tal "equilíbrio" faz com que o obvio apareça na capa. Ou o que dizer dos títulos "3 pontos fora" e "3 pontos em casa"? Um jogou fora, o outro jogou em casa. Os dois venceram. E então? Por que o resultado do jogo - e número de pontos - e a chamada principal?

O veículo gaúcho é de uma falta de criatividade tamanha que nem chega a ensaiar algo mais criativo. Já deu-se por vencido. É ruim a chamada, ninguém duvida, mas não se gasta tempo pensando em algo melhor.

Previsão triste para 2020: a circulação do impresso seguirá em queda (hoje são cerca de 70 mil exemplares/dia) e o crescimento dos assinantes digitais não compensará essa redução.